A divindade de Cristo - 3º Parte

Continuemos agora nosso estudo acerca das evidências bíblicas acerca da divindade de Cristo, doutrina de suma importância para a Cristologia. Vejamos agora a comprovação da divindade de Cristo através das obras atribuídas a Ele e através dos atributos divinos demonstrados por Jesus ao longo de seu ministério.
Bom estudo a todos!!

IV. Sua divindade é declarada pelas obras atribuídas a Ele
Como se não bastasse a evidência da divindade de Cristo revelada pelos títulos atribuídos a Cristo, aos títulos que Jesus atribuía a si mesmo, e as obras por Ele realizadas, a sua divindade também é revelada pelas obras que os apóstolos atribuem a Ele, obras estas que somente Deus poderia fazer, obras como:

i. A criação do universo – Jo 1.1-3,10,11; Cl 1.15-16
Ao escrever sua carta a igreja de colossos no ano de 62 d.C, o apóstolo Paulo faz a primeira declaração apostólica acerca da criação do universo pela pessoa de Jesus, ele declara enfaticamente que “que “nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.15-16).
Para corroborar o pensamento de Paulo, o apóstolo João, ao escrever o seu evangelho entre os anos de 80 a 95 d.C, ele declara que “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.2), ratificando esse pensamento ao dizer que “o mundo foi feito por ele” (Jo 1.10).

ii. A preservação de todas as coisas – Cl 1.17
Ainda em sua carta a igreja de colosso Paulo faz uma fortíssima declaração para apoiar a divindade de Cristo, ele simplesmente afirma que “todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17), atribuindo a pessoa de Jesus a função de manter o equilíbrio do universo, algo que somente o Deus criador de todas as coisas poderia fazer.

iii. Julgar a humanidade – 2 Tm 4.1
Além de atribuir a Cristo a criação do universo e a sua preservação, em sua segunda carta a Timóteo, escrita dias antes de sua morte, o apóstolo Paulo afirma que Cristo“há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino” (2 Tm 4.1), dessa forma, o apóstolo está declarando abertamente Cristo é Divino.


III. Sua divindade é declarada pelos atributos divinos demonstrados por Ele
Como se não bastasse a evidência da divindade de Cristo revelada pelos títulos atribuídos a Cristo, aos títulos que Jesus atribuía a si mesmo, as obras por Ele realizadas, e pelas obras que os apóstolos atribuem a Ele, a divindade de Cristo pode ser percebida pelos atributos divinos apresentados por Ele ao efetuar seus 35 milagres (conforme apresentados no item IV) ao longo de seu ministério de três anos e meio. Portanto, discutiremos aqui, quais atributos divinos são apresentados por Jesus, pelas obras por Ele.

i. Eternidade
A eternidade é o atributo divino, que revela a existência antes de toda a criação, antes de todo o espaço e tempo, conforme podemos ver pela seguinte passagem: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2).
No entanto, ao longo de seu ministério Jesus fez declarações que nos revelam que Ele possuía tal atributo, como por exemplo, em sua declaração aos judeus:”... antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58), ou na sua declaração a João em apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap 22.13)
Dessa forma, através de tais declarações, podemos perceber que Jesus atribui a si mesmo um dos atributos divinos, o atributo da eternidade.

ii. Onipotência
A onipotência é o atributo exclusivo de Deus, que lhe confere poder absoluto sobre todas as coisas, como podemos verificar no seguinte texto do profeta Amós: “Porque é ele quem forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual é o seu pensamento; e faz da manhã trevas e pisa os altos da terra; SENHOR, Deus dos Exércitos, é o seu nome” (Am 4.13).
Ao longo de seu ministério, Jesus demonstrou este atributo divino principalmente em suas 9 intervenções sobre a natureza (Cf. discussão no item IV). Por exemplo, quando Jesus acalmou a tempestade no mar com apenas uma palavra (Mt 8.26-27), quando multiplicou pães e peixes (Mt 14.19) ou quando transformou água em vinho (Jo 2.1-11). No entanto a fim de embasar tal argumento, contra o que alguns podem dizer que tais sinais são apenas uma manifestação do poder de Deus na vida de Jesus, devemos observar a reação dos discípulos perante tais sinais. Quando acalmou a tempestade com a sua palavra, os discípulos indagaram uns aos outro dizendo: “Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mt 8.27). Da mesma forma, o apóstolo João nos faz a seguinte declaração sobre Jesus após relatar o seu primeiro milagre em Caná da Galiléia: “Com este (milagre), deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (Jo 2.11). Note que João diz: manifestou a sua glória, e não, manifestou a glória de Deus, dessa forma, podemos perceber, que ao realizar tais sinais, Jesus estava manifestando a sua própria glória , e não a glória de pertencente a outra pessoa, assim, ao intervir na natureza de forma pessoal, Ele estava revelando um dos atributos exclusivos de Deus: a Onipotência.

iii. Onisciência
A onisciência é o atributo divino, no qual Deus tem o poder de conhecer todas as coisas, quer sejam elas compreensíveis ao homem ou não, conforme podemos perceber no seguinte texto: “A mim me veio, pois, a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” (Jr 1.4-5).
Podemos verificar esse atributo divino na pessoa de Jesus em passagens que nos revelam que Ele conhecia os pensamentos das pessoas (Mc 2.8), que podia ver ao longe Natanael sob a figueira (Jo 4.8), e que tinha a capacidade de saber “desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (Jo 6.64).
O texto de Jo 6.64, nos revela de uma forma mais nítida a onisciência de Cristo, uma vez que este texto afirma que Ele sabia “quais eram os que não criam”, implicando assim que Jesus tinha a capacidade de distinguir entre a fé e a incredulidade que estava no coração das pessoas. Ainda em seu evangelho, João nos diz que “E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (Jo 2.25), dessa forma, podemos verificar, que Jesus à semelhança de Deus, possuía consigo o atributo divino da Onisciência.

iv. Onipresença
O onipresença é o atributo divino, no qual Deus tem o poder de estar em todos os lugares, em todos os momentos, conforme verificamos no texto: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?
Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, 0 ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl 139..7-10).
No decorrer de seu ministério, o atributo divino da onipresença de Jesus não é diretamente revelado, mas em duas passagens do evangelho de Mateus, podemos por inferência (indução) a manifestação desse atributo através da seguinte declaração de Jesus aos seus discípulos: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) e também e sua declaração momentos antes de sua ascensão aos céus: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20).

v. Soberania
A Soberania é o atributo divino através do qual Deus se manifesta como o Ser e o Poder Supremo do universo, como podemos perceber pelo seguinte texto: “Aleluia! Louvai o nome do SENHOR; louvai-o, servos do SENHOR, vós que assistis na Casa do SENHOR, nos átrios da casa do nosso Deus. Louvai ao SENHOR, porque o SENHOR é bom; cantai louvores ao seu nome, porque é agradável. Pois o SENHOR escolheu para si a Jacó e a Israel, para sua possessão. Com efeito, eu sei que o SENHOR é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses. Tudo quanto aprouve ao SENHOR, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos. Faz subir as nuvens dos confins da terra, faz os relâmpagos para a chuva, faz sair o vento dos seus reservatórios”(Sl 135.1-7).
Este atributo divino pode ser percebido na pessoa de Jesus, pelo fato de Ele ter o poder de perdoar pecados (Mc 2.5-7), e também pela famosa introdução de suas declarações: “Em verdade, em verdade, eu vos digo”. Diferentemente dos profetas do Antigo testamento, que ao iniciarem uma declaração profética faziam a célebre declaração: “Assim diz o Senhor”, indicando que suas profecias eram oriundas da autoridade divina, as declarações de Jesus não provinham de uma outra pessoa (no casso o próprio Deus), mas eram fruto de sua própria autoridade. Autoridade esta, que conferia a Jesus a capacidade de: proclamar a lei divina (Mc 12.28-34), resolver disputas legais (Mc 12.13-17; Lc 12.13-21), a debater com escribas (Mc 11.27-33) e até a censurar os líderes religiosos de sua época (Mt 23.13-39)