A divindade de Cristo - 4ºParte

A paz a todos!

Amados, após tanto tempo de inatividade, finalmente estou voltando a ativa.

Continuemos agora nosso estudo acerca das evidências bíblicas acerca da divindade de Cristo, doutrina de suma importância para a Cristologia. Vejamos agora a comprovação da divindade de Cristo através das declarações apostólica em relação à Ele.Bom estudo a todos!!


V. Sua divindade é declarada pelas declarações apostólicas em relação à Ele
Além de verificarmos a evidência da divindade de Cristo através dos títulos atribuídos a Cristo, aos títulos que Jesus atribuía a si mesmo, as obras por Ele realizadas, as obras atribuídas à Ele pelos apóstolos, pelos atributos divinos manifestados por Ele ao efetuar seus 35 milagres, podemos verificar Sua natureza divina, através das declarações apostólicas em relação à sua pessoa, como veremos a seguir.

i. Ele é considerado como a única fonte da verdade
A primeira declaração apostólica acerca da divindade de Cristo, está registrada em Jo 6.22-59, onde vemos um dos mais incisivos discursos de Jesus aos judeus acerca de sua natureza divina e da importância de sua morte vindoura.
O impacto desse discurso foi tamanho, que resultou na separação entre aqueles que verdadeiramente acreditavam Nele daqueles que eram incrédulos acerca de sua missão e da sua pessoa. Ao ver que inúmeros de seus discípulos haviam lhe abandonado, deixando assim de seguí-lo (Jo 6.66), Jesus se dirige ao seu círculo de discípulos mais íntimos e lhe faz a seguinte pergunta: “Vocês também não querem ir?” (v.67), tendo como resposta uma das mais lindas declarações apostólicas acerca de sua pessoa, Pedro, falando em nome dos doze declara: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus” (Jo 6.68-69).
Tal declaração apostólica, é uma inferência acerca da divindade de Jesus, uma vez que Pedro declara que Jesus, na qualidade de Cristo (messias, ungido) de Deus, era o único portador da palavra da vida eterna.

ii. Ele é considerado como o Filho do Deus vivente
A segunda declaração apostólica acerca da divindade de Cristo é realizada por Pedro, conforme verificado na seguinte passagem:

“Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. Então, advertiu os discípulos de que a ninguém dissessem ser ele o Cristo” (Mt 16.13-20)

Neste relato (também registrado nos evangelhos de Marcos, Lucas e João) podemos verificar a primeira declaração objetiva dos apóstolos acerca da divindade de Cristo.
Haviam se passado cerca de três anos desde que Jesus iniciara seu ministério terreno, onde Ele havia realizado cerca de 30 milagres até então, resultando em uma enorme fama de sua pessoa nas regiões da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e dalém do Jordão (Mt 4.29), Jesus resolve se retirar com seus discípulos para além das fronteiras da Galiléia, Judéia e Samaria, para os territórios predominantemente gentios de Tiro, Sidom, Cesaréia de Filipe e Decápolis.
O objetivo dessa jornada à terras estrangeiras não era realizar uma viagem missionária aquelas terras para pregar o evangelho aos gentios, como podemos perceber no contexto de Mc 7.24, uma vez que através de Mt 10.5 e Mc 7.27,28 podemos perceber que não fazia parte dos planos de Jesus a realização de uma jornada evangelística durante seu ministério terreno, jornada esta que seria realizada pela futura igreja primitiva (Mt 28.19-20; At 1.8; 8.1-4). Por inferência (indução), podemos perceber que a razão pela qual Jesus e seus discípulos realizaram essa viagem à terras gentílicas foi motivada pelo fato de o ministério terreno de Jesus ter atingido o seu clímax, por isso, Jesus decide preparar os seus discípulos, para os trágicos eventos que haveriam de ocorrer em Jerusalém, levando-os a obter uma maior compreensão acerca da pessoa de seu mestre. Para isso, Jesus lhes faz a seguinte pergunta: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mt 16.13). Como resposta, seus discípulos responderam: “Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas” (Mt 16.14). Ao saber a opinião do povo acerca de sua pessoa, Jesus se dirige aos discípulos com a seguinte pergunta: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?“ (Mt 16.15). Como resposta, seus discípulos ficaram em silêncio, sendo este silêncio quebrado pela declaração de Pedro acerca da natureza divina de Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” ( Mt 16.16).
Ao declarar que Jesus era “o Filho do Deus vivo” Pedro estava declarando a idéia geral de todos os discípulos acerca da verdadeira natureza de Jesus, pois somente Deus poderia fazer todos os sinais que Deus fazia.

iii. Ele é considerado como sendo igual a Deus
Ao escrever à igreja por ele fundada durante sua segunda viagem missionária (entre 49 a 52 d.C), o apóstolo Paulo faz a seguinte recomendação aos seus discípulos em Filipos: “Se por estarmos em Cristo nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses,mas também dos interesses dos outros” (Fp 2.1-4) ¹.
No entanto, para ratificar o seu apela aos discípulos daquela igreja, ele continua com a seguinte declaração: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.5-8). Ao observarmos esse texto, podemos perceber que Paulo considera Jesus como “sendo em forma de Deus”, ou seja, para ele, Jesus possui a mesma natureza encontrada apenas em Deus, significando dizer que Jesus é igual em essência a Deus.
Para embasar seu pensamento em relação a pessoa de Jesus, Paulo, ao escrever à igreja fundada em decorrência ao seu grandioso ministério na cidade de Éfeso durante sua terceira viagem missionária (entre 53 a 57 d.C), o apóstolo faz a seguinte declaração: “Este(Jesus) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Cl 1.15-17). Com essa declaração, o apóstolo declara enfaticamente a natureza divina encontrada na pessoa de Jesus, por cinco motivos a saber: 1) ele declara que Jesus é o “primogênito de toda a criação”, ou seja, à semelhança dos primogênitos da era patriarcal, Jesus possui total primazia sobre todas as coisas criadas; 2) ele coloca Jesus como participante ativo no evento da criação ao dizer que “nele, foram criadas todas as coisas”, uma vez que o Antigo testamento declara enfaticamente que “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1); 3) ele coloca Jesus como a razão pela qual todas as coisas foram criadas ao dizer que “Tudo foi criado por meio dele e para ele”; 4) por atribuir explicitamente a Cristo o atributo divino da eternidade ao afirmar que “Ele é antes de todas as coisas” e 5) por atribuir a Cristo a função exclusiva de Deus de sustentar (manter) a existência de toda a criação ( Jó 9.5-8; Sl 74.16-17; 104.32; Is 40.12; Mt 5.45) ao afirmar que “Nele (Jesus), tudo subsiste”.

iv. Ele é considerado Deus bendito
Em sua carta à igreja de Roma , Paulo faz outra importante declaração acerca da divindade de Cristo, reafirmando assim a crença da igreja primitiva acerca dessa importante doutrina. Conforme vemos no seguinte texto:

“Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9;1-5).

v. Ele é considerado o Senhor da Glória
Outra importantíssima declaração do apóstolo Paulo acerca da divindade de Cristo está registrada em sua primeira carta à igreja de Corinto, onde ele faz a seguinte declaração:

“Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Co 2.7-9).

Tal declaração (Senhor da Glória) acerca da pessoa de Cristo, é uma referência ao Sl 24.7-10, que diz: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O SENHOR, forte e poderoso, o SENHOR, poderoso nas batalhas. Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória”. Esse salmo é uma referência ao Senhor Jesus, conforme podemos perceber ao compararmos este texto com o de Jo 1.14, que diz: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.”

vi. Ele é considerado o portador de toda divindade
A declaração mais importante do apóstolo Paulo acerca da divindade de Cristo, encontra-se registrada na seguinte passagem:

“Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças. Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.6-9).

Ao afirmar que em Cristo “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (v.9), ele está se referindo diretamente à divindade da pessoa de Jesus, que conforme a crença da igreja primitiva era o “Verbo de Deus que havia se feito carne, sendo este verbo o próprio Deus” (Jo 1.1,14). Desta forma, Paulo declara explicitamente a absoluta e completa divindade de Jesus.

vii. Ele é considerado o resplendor da glória de Deus
Talvez a declaração apostólica mais forte em relação à divindade de Cristo, está registrada na carta aos Hebreus, como podemos notar na seguinte passagem: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles“ (Hb 1.1-4).
Devemos notar aqui, que corroborando com todos os argumentos apostólicos acerca da divindade de Cristo, o autor de Hebreus declara que Jesus “é o resplendor da glória” de Deus, ou seja, para ele, assim como para todos os apóstolos, Jesus refletia toda a majestade de Deus, e não só isso, para ele, Jesus era “a expressão exata do seu Ser (do Ser de Deus)”, ou seja, para ele, Jesus possuía em si mesmo a plenitude da santidade, poder e moral; qualidades estas encontradas apenas na pessoa de Deus, pensamento este, compartilhado pelo apóstolo Paulo que diz: “Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1.18-19).