A divindade de Cristo - 2º Parte

Anteriormente vimos que a divindade de Cristo pode ser comprovada pelos títulos a Ele conferidos pelas Escrituras, no entanto, a bíblia nos fornece inúmeros outros argumentos que nos possibilitam defender este importante aspecto da doutrina de Cristo.

Veremos agora que a divindade de Cristo pode ser comprovada por outros dois fatores: pelos títulos que Cristo atribui a si mesmo, bem como pelas obras realizadas por Ele.

II. A divindade de Cristo é declarada pelos títulos que Ele atribui a si mesmo

E importante verificarmos que a divindade de Cristo não só é revelado pelos títulos atribuídos a Ele, como também através dos títulos que Ele atribui a si mesmo. As escrituras nos fornecem os seguintes títulos que Jesus atribui a si mesmo:

i. Filho do Homem
De todos os títulos utilizados por Jesus para referir-se a si mesmo, é o título que aparece com mais freqüência no NT, ocorrendo oitenta e quatro vezes nos quatro evangelhos. No entanto, este título é usado apenas por Jesus, para referir-se a si mesmo. Este faz referência à visão do capitulo 7 de Daniel, em que está escrito: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído” (Dn 7.13-14).

ii. EU SOU – Jo 8.58
De todos os títulos utilizados por Jesus para referir-se a si mesmo, talvez esse seja o mais forte e significativo título utilizado por Ele, que nos revela sua divindade.
Certa vez, ao afirmar aos seus opositores que Abraão havia visto o seu dia (o dia de Cristo), eles o contestaram dizendo: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?” (Jo 8.57).Como resposta, Jesus fez uma afirmação clara e objetiva, que revelava a sua divindade aos seus adversários. Ele se utiliza das palavras pronunciadas por Deus para se identificar a Moisés: “EU SOU O QUE SOU” (Ex 3.14), fazendo a seguinte declaração: “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58). Ao fazer essa declaração, Jesus simplesmente se equiparou ao próprio Deus de Israel, o que causou a revolta dos judeus que “pegaram em pedras para atirarem nele” tendo como resultado a saída de Jesus do templo (Jo 8.59).

iii. O Alfa e o Ômega – Ap 22.13
Outra forte evidência da divindade de Cristo, encontra-se no final do livro de Apocalipse, onde Jesus faz a seguinte declaração: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22.13). No entanto, vemos a mesma declaração no início do mesmo livro, onde Deus Pai faz a seguinte afirmação: “Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso” (Ap 1.8). Ao compararmos a declaração de Deus Pai contida em Ap 1.8 com a declaração de Cristo em Ap 22.13, vemos uma forte evidência da divindade de Cristo, que em total e completa semelhança com Deus Pai, é Soberano sobre toda a história e sobre toda a criação.


III. Sua divindade é declarada pelas obras realizadas por Ele

Além de verificarmos a divindade de Cristo através dos títulos atribuídos à Cristo, e os títulos por Ele utilizados, as escrituras nos declaram a divindade de Cristo pelas obras por Ele realizadas. Obras estas que somente Deus poderia fazer.

i. Perdoar pecados
Os evangelhos nos fornecem dois incidentes distintos em que Jesus faz uma declaração que somente Deus poderia fazer, nesses incidentes podemos ver Jesus perdoando pecados.
Quando um paralítico de nascença foi trazido à presença de Jesus (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12; Lc 5.17-26), Ele faz a seguinte declaração: “Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados” (Mt 9.2; Mc 2.5; Lc 5.20). Num outro momento, estando Jesus visitando a casa de um fariseu chamado Simão (Lc 7.36-50), uma mulher reconhecidamente pecadora (provavelmente uma prostituta), interrompe a reunião daquela casa para, chorando, ungir e beijar os pés de Jesus. Ao ver tamanho amor e dedicação, Jesus faz a seguinte pergunta ao anfitrião daquela casa: “Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais? E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem” (Lc 7.40-43), após a resposta de Simão, Jesus se volta para a mulher e lhe diz: “Os teus pecados te são perdoados” (Lc 7.48).

Ao perdoar os pecados do paralítico e da mulher pecadora, Jesus está realizando algo que somente Deus poderia fazer: perdoar pecados, como podemos perceber na declaração dos judeus ao ouvirem Jesus perdoar os pecados do paralítico: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Mc 2.7).
Assim, por perdoar pecados, podemos verificar que verdadeiramente Jesus era divino.

ii. Curar enfermidades
Os quatro evangelhos nos fornecem 16 curas realizadas por Jesus. Nesses livros, verifica-se que o Senhor curou: leprosos, paralíticos, cegos, surdos, mudos, surdos e toda a sorte de doenças. Em todos esses milagres, podemos perceber que Jesus era “cheio do Espírito Santo”, mas em um milagre em especial, podemos perceber a divindade de Jesus.
Em seu evangelho, o apóstolo João, nos fornece um milagre que marcou a vida de todos os discípulos de Jesus, milagre este, nunca realizado antes na historia da humanidade, como podemos ler na seguinte passagem:

“E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus. Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo” (Jo 9.1-7).

Ao curar este cego de nascença, Jesus fez algo que apenas Deus poderia fazer. Era sabido por todos os judeus, que “desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença” (Jo 9.32), dessa forma, ao curar esse homem, Jesus estava revelando, ainda que de forma velada, a sua divindade, pois Ele havia feito algo que somente Deus poderia fazer.

iii. Expulsar demônios
Além de relatar 16 curas operadas por Jesus, os evangelhos também nos relatam 7 libertações (expulsão de demônios) realizadas por Jesus. Em duas dessas libertações, podemos notar que Jesus possuía total autoridade sobre os demônios.
Os evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) nos relatam um fato ocorrido no segundo ano do ministério de Jesus, que ao chegar à cidade de Genesaré, sai ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo; que tinha feito sua morada no cemitério, sendo ele portador de tamanha força que ninguém o podia manter preso, e que permanecia de dia e noite clamando pelos montes.

Ao ver que Jesus havia chegado, este homem, possesso de uma legião de demônios (seis mil) correu até Ele e o adorou dizendo: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes” (Mc 5.6-7). Ao ver aquele homem possesso, Jesus manifestou a sua natureza divina, ao permitir àqueles demônios se retirarem daquele homem e entrarem numa manada de porcos. Como podemos verificar no relato de Marcos:

“E chegaram ao outro lado do mar, à província dos gadarenos. E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo; O qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender; Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar. E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras. E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o. E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes. (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo.) E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela província. E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar” (Mc 5.1-13).

Em um outro momento, ao retornar do monte em que havia se transfigurado aos discípulos (Mc 9.1-10), Jesus ao ver os escribas discutirem com seus discípulos, fica sabendo que aquela discussão estava ocorrendo pelo fato de os seus discípulos não terem conseguido expulsar um demônio que atormentava um menino desde a sua infância. A pedido de Jesus, o menino lhe é trazido, e logo o demônio é repreendido, conforme registrado no seguinte texto:

“E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; E este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai definhando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. E ele, respondendo-lhes, disse: O geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo. E trouxeram-lho; e quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, escumando. E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância. E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos. E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade. E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele. E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou” (Mc 9.17-29)


Conforme pudemos verificar nesse dois relatos, vemos que os demônios se submeteram totalmente a palavra de Jesus, não importando qual fosse a sua força (o homem de Gadara), ou o tempo que ele estava atormentando uma vida (o jovem possesso). Dessa forma, é possível notar a divindade de Cristo, pois somente Deus possui tamanha autoridade sobre seres espirituais, como os demônios.

iv. Controlar a natureza
Além de relatar 16 curas e 7 libertações operadas por Jesus, os evangelhos também nos fornecem 9 intervenções diretas de Jesus sobre a natureza. Nesses relatos, podemos ver Jesus: acalmando a tempestade (Mt 8.23-27; Mc 4.37-41; Lc 8.22-25), andando por sobre o mar (Mt 14.25; Mc 6.48-51; Jo 6.9-21), alimentando cinco mil (Mt 14.15-21; Mc 6.48-51; Lc 9.12-17;Jo 6.5-13) e a quatro mil pessoas (Mt 15.32-38; Mc 8.1-9), fazendo aparecer uma moeda na boca de um peixe (Mt 17.24-27), condenando uma figueira à morte (Mt 21.18-22; Mc 11.12-14, 20-25), fazendo aparecer peixes por duas vezes (Lc 5.4-11;Jo 21.1-11) e transformando água em vinho (Jo 2.1-11).
Desses milagres, talvez o que mais nos chama a atenção para a natureza divina de Jesus, encontra-se registrado na seguinte passagem:

“Naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos para a outra margem. E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco; e outros barcos o seguiam. Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água. E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. Então, lhes disse: Por que sois assim tímidos? Como é que não tendes fé? E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4.37-41)

Nesse texto, podemos ver Jesus revelando de forma clara e objetiva, uma natureza divina, pois ele demonstrou possuir total controle sobre a natureza, uma vez que sob a suas ordens, vento e mar se acalmaram, algo que somente o “Senhor Altíssimo, o grande rei de toda a terra” (Sl 47.2) poderia fazer (Cf. Sl 65.7; 89.9; 107.29).

v. Ressuscitar os mortos
Além de relatar 16 curas, 7 libertações, 9 intervenções sobre a natureza, os evangelhos também nos fornecem 3 ressurreições efetuadas por Jesus durante de seu ministério: a filha de Jairo (Mt 9.18,19, 23-25; Mc 5.22-24,38-42; Lc 8.41,42,49-56), o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-15) e Lázaro (Jo 11.1-44).
Em todos esses textos, podemos perceber, ainda que de forma velada, a revelação acerca da divindade de Cristo, uma vez que suas ordens eram atendidas até por aqueles que haviam falecido, como podemos notar no seguinte relato:

“Pouco tempo depois Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão foram com ele. Quando ele estava chegando perto do portão da cidade, ia saindo um enterro. O defunto era filho único de uma viúva, e muita gente da cidade ia com ela. Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse: Não chore. Então ele chegou mais perto e tocou no caixão. E os que o estavam carregando pararam. Então Jesus disse:Moço, eu ordeno a você: levante-se! O moço sentou-se no caixão e começou a falar, e Jesus o entregou à mãe” (Lc 7.11-15).

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