A humanidade de Cristo - 2º Parte

Após termos abordado a concepção virginal de Cristo, bem como as razões para a sua encarnação, convido você meu amado, a meditar sobre o segundo aspecto a ser analisado em relação à Cristologia: a plena e absoluta humanidade de Cristo.

A Bíblia nos fornece inúmeras passagens que defendem a plena e absoluta humanidade de Jesus salientando as conseqüências de Ele possuir um corpo plenamente humano até os dias de hoje.

I. Jesus possuía um corpo perfeitamente humano

A doutrina da plena humanidade de Cristo é embasada em inúmeras passagens bíblicas, tais passagens nos informam acerca dos detalhes de seu nascimento, crescimento e limitações físicas proporcionadas pela sua completa humanidade.
A respeito de seu nascimento, as Escrituras afirmam que Jesus teve um nascimento igual ao de qualquer criança: “Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lc 2.1-7); as Escrituras também nos informam que o seu crescimento ocorreu de forma totalmente igual a das demais crianças: “Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.” ( Lc 2.40); também afirmam que o crescimento físico e espiritual de Jesus ocorreu de forma gradativa perante de Deus e dos homens: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52).
Já a respeito de suas limitações físicas decorrentes de seu corpo plenamente humano, as Escrituras afirmam que Jesus estava sujeito ao cansaço físico como qualquer ser humano: “Estava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta.” ( Jo 4.6), as Escrituras também afirmam, que à semelhança de qualquer homem, Jesus estava sujeito à fome:”E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.”(Mt 4.2) , bem como estava também sujeito à sede:“Nisto, veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.” (Jo 4.6), também vemos que Jesus estava sujeito ao esgotamento físico, a tal ponto que durante seu processo de crucificação, os soldados obrigaram Simão cirineu a carregar a cruz de Cristo: “E, como o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus.”(Lc 23.26); mas o indicativo mais importante da plena humanidade de Cristo, é que seu corpo também estava sujeito à morte física: “Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou.” ( Lc 23.46)

II. Jesus possuía uma mente humana

Outro fato que torna evidente a plena humanidade de Cristo, e a declaração de Lucas acerca de sua mente:”E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”(Lc 2.52), tal declara registrada no evangelho de Lucas, indica que Jesus, como qualquer outra criança, passou por um processo de aprendizagem, onde foi-lhe ensinado a comer,a falar,a ler e a escrever, e a ser obediente aos seus pais, sendo assim aperfeiçoado a cada dia em sua humanidade, como podemos ver em Hebreus: “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.7-9).Outro ponto fundamental para embasar a afirmativa de que Jesus possuía um mente humana, é sua afirmativa relativa ao dia de seu retorno à Terra durante seu sermão escatológico: “Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai.” (Mc 13.32)

III. Jesus possuía alma e emoções humanas

O terceiro fato que evidencia a plena humanidade de Cristo,está no testemunho bíblico de que Jesus, além de possuir corpo e mente humanos, Ele possuía alma e emoções puramente humanas. As escrituras registram que Jesus possuía alma humana principalmente nos últimos dias anteriores à sua morte. Logo após ter ressuscitado a Lázaro, o Senhor faz sua ultima aparição pública no templo, onde durante seu sermão acerca de sua morte, Jesus faz a seguinte declaração: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora.”( Jo 12.27), outra passagem importante para fundamentar a alegação de que Jesus possuía uma alma humana, está na ocasião da última páscoa, em que após ter dado suas últimas palavras aos discípulos, o Senhor afirmou:“Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.” (Jo 13.21), mas a passagem mais significativa para fundamentarmos a alegação de que Jesus possuía uma alma plenamente humana, está em sua declaração aos discípulos no Jardim do Getsemâni antes de sua oração ao Pai, onde o Senhor faz a seguinte confissão a Pedro,a Tiago e a João: “Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.” (Mt 26.38)
Em relação a declaração de que Jesus possuía sentimentos plenamente humanos, está nas narrativas bíblicas de que Jesus experimentou sentimentos tais como: admiração (Mt 8.10), tristeza (Jo 11.35) e ansiedade ( Jo 11.35)

IV. Jesus era considerado apenas humano pelas pessoas que o cercavam


O quarto fato que evidencia a plena humanidade de Cristo, é talvez a maior evidência acerca de sua plena humanidade que as Escrituras nos fornecem, ou seja: Jesus era considerado um simples humano por todas as pessoas que o cercavam.
Essa evidência é encontrada em um dos Evangelhos, que relata um incidente ocorrido no meio do ministério de Jesus na Galiléia, onde apesar de Jesus ter curado toda a sorte de doenças e enfermidades entre o povo, de modo que numerosas multidões começaram a segui-lo, quando o Senhor se dirigiu a sua própria cidade, Nazaré, onde todos os moradores o conheciam, para ensinar-lhes acerca do Reino de Deus na sinagoga local. No entanto, apesar de sua enorme fama ter chegado àquela cidade, o Senhor não foi aceito pelos seus conterrâneos, como registra a passagem a seguir:

“Tendo Jesus proferido estas parábolas, retirou-se dali. E, chegando à sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se maravilhavam e diziam: Donde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto? E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles” (Mt 13.53-58)

Ao analisarmos este texto, podemos verificar o quão importante ela é para fundamentarmos a plena e absoluta humanidade de Cristo.Quando o Senhor se dirigiu à Nazaré para pregar as boas novas e continuar operando sinais e maravilhas e para anunciar a chegada do Reino de Deus, as pessoas que conviveram com o Senhor durante 30 anos, vendo-o crescer e trabalhar como carpinteiro assim como fora seu pai José, não viam naquele jovem carpinteiro de trinta anos como sendo o próprio Deus encarnado.Para eles, Jesus era nada mais do que um homem comum, um bom homem, justo, sincero e confiável, mas nada mais do que um simples homem.
A plena humanidade do Senhor, também é evidenciada na descrença dos seus irmãos em relação à pessoa de Jesus, seu irmão mais velho. Conforme nos informa Jo 7.5, vemos que para eles, que cresceram na mesma casa em que Jesus fora criado, não viam o seu irmão mais velho, como sendo o Deus Eterno, que havia se encarnado.
Continua.....
Por miss. Felipe

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